07/07/2014
Com um pôster baseado na pesquisa desenvolvida durante o mestrado no Programa de Pós-graduação em Biologia Celular e Molecular do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Henrique Carneiro de Oliveira recebeu o Prêmio Wladimir Lobato Paraense durante o ’1st Host Pathogen Interactions Meeting’. A apresentação realizada pelo biólogo foi considerada uma das três melhores do congresso internacional, que contou com 61 pôsteres ao todo. O trabalho também foi selecionado para apresentação oral no evento. Organizado pela Universidade de Brasília (UnB), o encontro foi realizado entre os dias 28 e 30 de maio.
O trabalho apresentado investigou um período importante do ciclo de vida do parasito causador da toxoplasmose: a cistogênse do Toxoplasma gondii. Nesta fase, o parasito forma cistos dentro da célula hospedeira, onde se multiplica lentamente. “É uma maneira de escapar das defesas do organismo. O parasito desenvolve um tipo de cápsula em torno dele, o que dificulta a passagem de substâncias que poderiam destruí-lo. Este cisto se mantém por toda a vida do indivíduo infectado”, explica Henrique.
Utilizando diversas técnicas, incluindo a microscopia de fluorescência e a microscopia eletrônica de transmissão, os pesquisadores observaram a cistogênese do Toxoplasma gondii em células de músculo esquelético. Foi identificada a associação entre a parede do cisto formado pelo parasito e duas organelas da célula hospedeira: as mitocôndrias – responsáveis pela produção de energia celular – e o retículo endoplasmático – envolvido no armazenamento e síntese de substâncias no interior das células.
Segundo a orientadora da pesquisa e chefe do Laboratório de Biologia Estrutural do IOC, Helene Santos Barbosa, o estudo apresentou duas abordagens inéditas. “É a primeira análise do envolvimento de organelas das células musculares esqueléticas durante a cistogênese do Toxoplasma gondii e o emprego desse tipo celular como modelo de estudo da toxoplasmose experimental”, ressalta.
De acordo com Henrique, o recrutamento de organelas da célula hospedeira pode ser uma estratégia do parasito para se perpetuar no organismo. “O retículo endoplasmático liso, por exemplo, está ligado à apoptose celular – um mecanismo de autodestruição da célula – e o parasito pode atuar no bloqueio desse processo. Já a associação de mitocôndrias teria a função de produzir energia o que garantiria a manutenção intracelular do parasito”, pondera.
A toxoplasmose é contraída através da ingestão do parasito, que é encontrado nas fezes de gatos e em carnes mal cozida de animais como porco e gado. A doença também pode ser transmitida de mãe para filho, sendo a causa de más formações congênitas e abortos quando a infecção se dá durante a gravidez. No adulto, os casos mais graves ocorrem em pessoas com imunidade reduzida, como transplantados e portadores de HIV.
Maíra Menezes
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